PF investiga como Cachoeira soube de operação 1 mês antes

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A Polícia Federal e o Ministério Público investigam como o bicheiro Carlinhos Cachoeira soube, com um mês de antecedência, da operação que tinha seu grupo como alvo, a Monte Carlo. A primeira suspeita foi de que a informação teria saído da 11ª Vara Federal de Goiás, onde corre o processo. A PF descobriu uma ligação do juiz titular, Leão Aparecido Alves, para um dos investigados - quem teria usado o telefone seria a mulher do magistrado. Em conversa gravada cerca de 20 dias antes da prisão, Cachoeira e um auxiliar comentam sobre uma possível operação e citam o nome de Leão.

Nesta quarta, o jornal O Estado de S.Paulo divulgou depoimento do juiz Paulo Augusto Moreira Lima, que pediu para sair do caso, ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no qual o magistrado afirmou que os suspeitos receberam informações detalhadas da Monte Carlo, inclusive os nomes dos investigados. Com a saída de Moreira Lima, Leão, que é amigo de José Olímpio Queiroga Neto - acusado de comandar a exploração de jogos ilegais no entorno do Distrito Federal -, assumiria o caso, mas ele se declarou impedido

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

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