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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Conflitos na Costa do Marfim fazem residentes da capital enfrentar escassez de água e comida

Após uma semana de lutas pelo controle de Abidjan, capital comercial da Costa do Marfim, saqueadores e moradores desesperados por encontrar água ocupam as ruas da cidade, até então desertas desde o início dos embates locais.

Na avenida principal que leva do aeroporto à duas pontes estratégicas que ligam os distritos do sul e norte da cidade, saqueadores confiscaram cadeiras e sacos de objetos de lojas cujas janelas haviam sido quebradas. Alguns moradores podiam ser vistos tentando quebrar adutoras de água, enquanto outros, segurando latas de gasolina ou balançando recipientes de plástico verde sobre a cabeça, esperavam impacientemente nas proximidades.

Os dias de confronto entre as forças leais ao presidente eleito em novembro, Alassane Ouattara, e Laurent Gbagbo, o atual presidente que se recusa a ceder o poder, transformaram o que antes era conhecido como a "Paris de África" em uma cidade fantasma. As agências humanitárias dizem que os hospitais estão sobrecarregados com feridos, com suprimentos médicos em falta e que os médicos e enfermeiros às vezes têm que trabalhar sem água encanada e eletricidade.

No bairro de Cocody, onde as forças de Ouattara estão fazendo um cerco à residência privada Gbagbo, os civis enfrentaram tiroteios esporádicos na quinta-feira, enquanto andavam vários quilômetros para encontrar água e comida.

- Todas as manhãs, as pessoas têm que carregar latas e jarros e andar pela vizinhança a procura por água - disse um residente que se identificou somente como Jean-Claude. - Quanto à comida, não restou nada. As pessoas têm que fazer longas filas para comprar uma simples baguete, que subiu de 150 francos CFA para 300. Há corpos pelas ruas, mas não há ninguém para removê-los.

No corredor norte, onde as forças de Ouattara criaram um acampamento base, Alassane Daekite, 23 anos, estava ocupado vendendo pacotes de atieke - mandioca do solo que é um dos símbolos da África Oriental.- Os soldados estão se comportando bem, eles pagam pela comida. Às vezes eles até dão gorjetas - disse. - Agora é seguro aqui, os soldados militares de Gbagbo foram todos embora. Todos aqui querem que Gbagbo se vá, nós já estamos cansados disso.

Em um posto de gasolina nas proximidades, soldados de Ouattara detiveram cerca de 200 pessoas em um lava-carros, supeitando que eles fossem das forças pró-Gbagbo.

- Provavelmente eles são só pessoas fugindo da violência. Nós não sabemos, mas vamos segurá-los aqui até que interrogá-los - afirma Toure Moussa, comandante das forças de Ouattara, enquanto soldados entregam garrafas de água aos detidos. - Se eles forem militares, serão considerados prisioneiros de guerra. Nós não os mataremos - afirma.

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