Se sair da sombra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos desafios de Dilma Rousseff na Presidência, o primeiro teste será logo na cerimônia de posse, neste sábado.
A festa que marca o início do governo Dilma é, ao mesmo tempo, a despedida de Lula, com popularidade recorde. Pouco menos de meia hora antes do início do desfile da nova presidente, e em meio à chuva, as pessoas já aguardavam na Esplanada dos Ministérios para assistir à cerimônia.
O principal adereço entre os populares não eram bandeiras e camisetas alusivas a Dilma, mas sim sombrinhas e guardas-chuvas, em um dia em que o tempo na capital federal variava entre chuva e sol.
O apelo da primeira mulher a assumir a Presidência da República foi mencionado como motivação por algumas das milhares de pessoas que viajaram de várias partes do país, e até do exterior, para acompanhar a chegada de Dilma ao poder.
"Eu vim para visitar o meu irmão, que mora em São Paulo, mas não podia perder um momento como esse aqui no Brasil", disse o peruano Rodolfo Ticona, 42 anos. Filiado ao partido Esquerda Unida, do Peru, Ticona se disse feliz com a posse de uma presidente de esquerda no Brasil e espera que Dilma não ceda às pressões dos aliados.
O Ministério da Cultura e a Fundação Palmares prepararam apresentações gratuitas de cantoras como Elba Ramalho, Fernanda Takai, Gaby Amarantos, Mart'nália e Zélia Duncan para que a festa continuasse após a posse.
Também foram instaladas tendas, que funcionam desde a manhã, na Esplanada dos Ministérios com apresentações regionais e culturais, como a de grupos indígenas e de afrodescendentes.
Em uma das tendas, uma mulher contava a história da nova presidente, em outra os visitantes conheciam as trajetórias de brasileiras históricas.
"Eu acho que ela representa tudo aquilo que a mulher deseja para si", disse a aposentada Eliane Melo, de 60 anos, que veio de Niterói (RJ) para a posse. "Mulher no poder. Para nós fazermos as nossas transformações com olhar de mulher."
A recepcionista Cida Forostethi disse que viajou de Curitiba a Brasília em uma caravana de militantes petistas de 36 pessoas. "Viemos demonstrar todo o apoio que demos na campanha. Viemos dar essa alegria para ela na posse. Ela é uma guerreira nossa", afirmou a recepcionista.
A posse de Dilma deve ser acompanhada por pelo menos 23 chefes de Estado ou de governo, segundo o balanço mais recente do Itamaraty. Estão na lista, por exemplo, os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, da Venezuela, Hugo Chávez, do Chile, Sebastián Piñera, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, e o da Coréia do Sul, Kim Hwang-sik também estão entre os convidados. Outra importante presença confirmada é a da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. Na posse de Lula foram 12 chefes de Estado ou governo.
A posse da primeira mulher presidente da República, que segundo a Polícia Militar de Brasília deverá ser acompanhada por 80 mil pessoas, trará poucas novidades à tradicional e ritualizada cerimônia pela qual passam todos os chefes de Estado do Brasil.
Em vez de cortar diagonalmente um terno, dessa vez a faixa presidencial estará sobre um vestido ou um terninho. Por conta do verde e amarelo da faixa, o vermelho -cor do PT, seu partido- está praticamente descartado para a cerimônia. Dilma deverá usar uma cor mais neutra. Ela ainda deve desfilar com a filha, Paula Rousseff de Araújo, no Rolls Royce presidencial. Mas as mudanças não vão muito além disso.
PASSO A PASSO
A cerimônia, marcada para começar por volta das 14h, quando Dilma iniciará o desfile em carro aberto pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional. Se estiver chovendo, porém, a presidente e a filha serão conduzidas em carro fechado.
De acordo com a programação oficial, Dilma deverá chegar ao Congresso Nacional às 14h30, onde receberá, na rampa, os cumprimentos dos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Sarney, pouco antes da posse, destacou o perfil de gestora de Dilma, que marcará seu mandato.
"Eu acho que ela vai fazer um grande governo, porque ela vai dar continuidade ao governo do presidente Lula e ao mesmo tempo ela é uma excelente administradora, conhece profundamente todos os programas em andamento e vai acompanhá-los e vai terminá-los", afirmou Sarney.
A presidente entrará, então, no prédio do Congresso e, no Plenário da Câmara, fará o juramento e um discurso. Depois, por volta das 16h30, ela seguirá para o Palácio do Planalto, onde será aguardada pelo já ex-presidente Lula.
Lula entregará a faixa à nova presidente no Parlatório, um púlpito de concreto construído na área externa do Palácio do Planalto, em frente à Praça dos Três Poderes, onde ela discursará para a população.
O último compromisso do dia, a partir das 18h30, é uma recepção no Itamaraty para autoridades estrangeiras e brasileiras.
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